(MEMÓRIAS) - ÍBIS, O VICE EM 1932


O Íris foi fundado no dia 23 de fevereiro de 1920, por funcionarios da fábrica de tijolos do bairro da Torre, em Recife. Inicialmente, o clube iria se chamar Olaria Sport Club por causa da olaria (torre que são feitos os tijolos) que se encontra no centro do bairro e deu o nome ao lugar. Porém, em uma reunião entre funcionários, decidiram mudar o nome para Íris em relação da cor do time o azul e branco.

Mascote : Periquito azul

Conquistas

Estadual
Vice-Campeonato Pernambucano: 1932.

Outras conquistas
Liga Suburbana: 1928.
Copa Torre: 3 vezes (1925, 1931 e 1933).















Time do Íris em 1934, não dispomos da escalação
O vice campeonato do Íris e um pouco do futebol pernambucano em 1932

Em 1932, o Campeonato Pernambucano foi dividido em duas chaves, azul e branca. A branca era formada pela Associação Atlética do Arruda*, Encruzilhada*, Íris*, Náutico, Sport e Torre*; na azul estavam América, Great Western (hoje Ferroviário), Flamengo*, Fluminense*, Israelita* e Santa Cruz. Cada time enfrentava as equipes da sua chave.
Ao longo do certame, um resultado inesperado: Flamengo 10 x 3 América – o alviverde ainda era considerado um time grande. O Sport, que realizou uma má campanha, também surpreendeu ao aplicar duas goleadas no Náutico: 5 x 1 e 5 x 2. Esse mesmo Sport foi derrotado pelo Torre por 6 x 4. Por sua vez, o Madeira Rubra, como o Torre era conhecido, levou uma goleada do Náutico, de 7 x 1.
O Náutico perdeu para o Íris por 5 x 1, mas vingou-se, derrotando-o por 6 x 1. Houve ainda um 8 x 0 do Santa no Israelita, que também foi goleado pelo América por 9 x 1. E no Fla-Flu pernambucano, o Flamengo, do tenente Colares, uma figura marcante e folclórica, goleou o Fluminense por 7 x 0. Era a época do jogo franco e aberto, sem o apego defensivo que se vê atualmente.

Pereirão apela

Houve um episódio curioso e ao mesmo tempo deprimente, na partida Santa Cruz 4 x 1 América, em 19 de junho. O tricolor vencia por 2 x 1, e o jogo estava equilibrado. O juiz Ambrósio do Rego Barros marcou um pênalti contra o América, cometido pelo zagueiro Palmeira – mais tarde árbitro e treinador – em Marcionilo. Pereirão, goleiro alviverde, inconformado, protestou e fez sua equipe sair de campo. A diretoria americana contornou o problema, com o retorno do time.
A decisão do árbitro foi mantida e, na cobrança, Pereirão deitou-se ao longo da barra, em flagrante desrespeito ao público e à arbitragem, num gesto que seria inconcebível hoje, no nível que o futebol profissional atingiu. Naquela época, porém, o semi-amadorismo ainda predominava. Apesar da atitude antiética do goleiro, Marcionilo converteu o pênalti, fazendo Santa Cruz 3 x 1 América. Minutos depois, Tará chuta de longe e Pereirão, que estava mesmo para avacalhar, dá as costas para o atacante. O jogo não chegou ao fim, o que era comum naquela época, principalmente por causa da iluminação elétrica nos estádios. Bastava escurecer para tornar-se impraticável a continuação do jogo. Valeu o placar de 4 x 1 para o Santa.

Da bola para a bala

Com o surgimento da Revolução Constituinte, em São Paulo, alguns jogadores militares de Pernambuco deslocaram-se ao Sudeste para defender o País contra os paulistas, que, segundo seus opositores, queriam se separar do território nacional, tornando-se independentes. Assim, o campeonato foi interrompido.
Então, de vários Estados partiram forças militares. Entre os militares pernambucanos que se deslocaram para o território conflagrado estavam os jogadores Tará, Dóia e Neves, que serviam à Brigada Militar, e defendiam o Santa Cruz. Como voluntários apresentaram-se, entre outros, Clóvis Wanderley, Durval Carneiro Leão e Manoel Luiz de Bulhões Marques. Este, ponta-direita do Sport, teve um fim trágico, morrendo em meio a uma rajada de metralhadora, em 28 de agosto. Clóvis Wanderley também pereceu, tendo surgido a notícia de que o mesmo acontecera com Durval, o que mais tarde seria provado não ser verdade. Na época, os mortos receberam as devidas homenagens póstumas do seu clube, e hoje, pelo menos Bulhões Marques é nome de rua no central bairro da Boa Vista. Ainda estiveram na trincheira, os jogadores Temístocles, do Ateniense, e Agnello, do Great Western, também militares.

Náutico e Sport longe do Santa

Finalmente, a bola voltou a rolar, e na chave do Náutico e do Sport, quem se classificou para disputar o título de campeão do ano foi o Íris. Do outro lado, deu Santa Cruz, que chegou à melhor de três sem ter tido necessidade de enfrentar alvirrubros e rubro-negros, seus tradicionais adversários.
Em ambos os jogos, em 15 e 22 de novembro, o Santa Cruz venceu pelo mesmo placar, 4 x 1. Como já tinha levantado o certame anterior – seu primeiro título – tornou-se bicampeão. Os dois jogos foram disputados no campo da Avenida Malaquias, mais ou menos onde está hoje a AABB. As duas partidas foram dirigidas por José Fernandes Filho, conhecido por Zezé, que nada tinha a ver com o jogador Zezé Fernandes, do Tricolor.
No primeiro jogo, os gols foram de Estevam (2), Marcionilo e Carlos Benning – Santa Cruz, e Guerra – Íris. No segundo marcaram Lauro (2), Walfrido e Tará – Santa, e novamente Guerra para o Íris..
O campeão Santa Cruz alinhou: Diógenes; Sherlock e João Martins; Zezé Fernandes, Sebastião e Marcionilo; Walfrido, Estevam, Tará, Lauro e Carlos Benning (Julinho Fernandes).
O Íris foi vice-campeão, com Silvino;Moacyr e Walfrido; Popó, Zé Lima e Ramalho; Benedicto, Guerra, Zeferino, Chinez e Emygdio.

* Clubes que não existem mais

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